segunda-feira, 25 de abril de 2011
Alegria senior
NÃO PARAMOS DE NOS DIVERTIR POR FICARMOS VELHOS.
ENVELHECEMOS PORQUE PARAMOS DE NOS DIVERTIR
(autor desconhecido)
terça-feira, 12 de abril de 2011
UMA CERTA VELHICE
CHUCHA-MÉIS EM ALCARIA | SN |
Creio que se pode traçar uma fronteira muito precisa entre a juventude e a velhice. A juventude acaba quando termina o egoísmo, a velhice começa com a vida para os outros. Ou seja: os jovens têm muito prazer e muita dor com as suas vidas, porque vivem só para eles. Por isso todos os desejos e angústias são importantes, todas as alegrias e dores são vividas plenamente e, alguns, quando não vêem os seus desejos cumpridos, desperdiçam toda uma vida a lutar contra isso. Isto é a juventude. Mas, para a maior parte das pessoas, chega o tempo em que tudo se modifica, em que começam a viver mais para os outros, não por virtude, mas porque é assim. A maior parte constitui família. Pensam menos neles próprios e nos próprios desejos e mais nos filhos. Outros perdem o egoísmo num escritório, na política, na arte ou na ciência. A juventude quer correr, os adultos gostar.
SILVA NETO 2010
PORTO DE MÓS
TORRE DO CASTELO DE PORTO DE MÓS | SN |
Hoje, vou fazer de ti o meu mapa, desenhar as tuas ruas, uma a uma, vestir-te das minhas tintas, despir-te nas minhas cores. Hoje, vou descer teus vales... Escalar tuas montanhas, aquecer-me nas labaredas do teu olhar. Hoje, vou descansar lá no alto dos teus montes, olhar em redor, riscar horizontes, comer a fruta fresca dos teus vales, mergulhar nas grutas húmidas, profundas, que o tempo rendou da mais fina pedra, e descer ao fundo mais fundo de ti. Hoje vou perder-me nos teus recantos, beber os sorrisos da tua gente, no cume do teu contentamento, e aí construir o meu caminho. O teu corpo é um hoje um mar, de encantos renovados, onde o meu se perde. Hoje, vou beber a força de Nuno Álvares, vadiar na loucura de D. Afonso e navegar na mítica aventura de D. Fuas. Hoje quero ser a mó, que rasga o trigo loiro que te dá pão, e ser o vento que roda os panos brancos das velas que adornam a tua paz. Hoje, e sempre, ondeará no meu peito a tua bandeira, mulher bonita, rainha do chão que piso. Hei-de adormecer, depois, no teu castelo, de olhos verdes, tão verdes… E, em cada despertar, quero poder repetir-te ao ouvido, baixinho, no teu acordar sereno, de cada madrugada:
Gosto de ti!
SILVA NETO 2011
segunda-feira, 11 de abril de 2011
O OUTONO DA VIDA
OUTONO | SN |
Nada menos exacto que supor que o talento constitui privilégio dos novos. Não. Nem da mocidade, nem da velhice. Não se é talentoso por se ser jovem, nem genial por se ser velho. Nunca compreendi a hostilidade tradicional entre velhos e novos. Ser idoso não quer dizer que se seja necessariamente intolerante ou retrógrado. Engana-se quem supuser que a juventude, por si só, constitui garantia de progresso ou de renovação mental. As grandes descobertas, que ilustram a história da ciência e que contribuíram para o progresso humano são, em geral, obra de velhos sábios. Juventude e velhice não se opõem, completam-se na harmonia universal dos seres e das coisas. A vida não é só o entusiasmo dos moços ou a reflexão dos velhos, nem audácia de uns ou a experiência de outros. Nada se ganha em cavar um abismo entre juventude e velhice. Uma é, fatalmente, o prolongamento da outra. Intelectualmente há muitos idosos bem mais frescos que muitos jovens.
Apesar de tudo isto, a sociedade aprova e até alicia um certo divórcio entre novos e velhos. Basta ver como os mais novos despejam os mais velhos em lares. Se os velhos têm nas novas gerações, a força radiosa do futuro e um instrumento de compreensão e de difusão da sua obra, os novos devem aos velhos a formação do seu espírito, a educação da sua sensibilidade e a capitalização de muitas riquezas.
Contra esta maré, onde faltam afectos e sobram ditas faltas de tempo, é justo destacar o esforço de algumas entidades que, mesmo em tempo de crise, procuram construir confortos e, até, diversificar mimos, rejeitando ser armazéns continuados de velhos, onde tudo se repete de uma forma terrível e fastidiosa, e vão tratando as pessoas no respeito pelos dogmas de que um corpo é mais que um corpo e a vida é mais que a vida. É que, por mais enfraquecido e decrépito que esteja o corpo, a alma ainda pode estar repleta de energias, de desejos, de alegrias, de recordações e de sabedoria.
SILVA NETO 2011
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